Quando a natureza chora

As águas das chuvas inundam e transbordam. 

As águas passam através de toda a estrutura concretada e rígida da cidade. Transbordam e inundam.

Ainda não foi possível de elaborar e colocar em ação um plano eficiente de contenção para o que transborda e inunda?

A negligência e negação da ferida estão presentes. 

A rejeição as necessidades de cuidado com o mundo em que vivemos, se torna ferida aberta. 

Continua batendo na porta.

O retorno do que é recalcado, negado e rejeitado, vem a tona novamente. 

Causa desastres cada vez maiores, nos trazendo uma sensação de impotência. 

A Terra grita por colo. Inunda e transborda de água. 

Como conter a água? 

Se esse mundo é feito de mais água do que terra, assim como o corpo humano.

Não são as fáscias e a pele do corpo humano que dão forma e contêm esse corpo dentro dele mesmo?

Qual a pele e fáscia da terra?

Como podemos reforçar as barreiras flexíveis ao redor dos rios? 

Como reorganizar os lugares que podem receber concreto, essa estrutura rígida, evitando o risco de sofrer inundações e transbordamentos?

Como dar contorno aquilo que transborda? 

Assim como o choro de um bebê que transborda, mas fica contido e acolhido dentro dos braços de uma mãe.

A grande mãe terra que nos dá lugar para viver. Pede por socorro. 

Mas, como continuamos cultivando e cuidando dessa grande mãe?

Como nossa humanidade toda tem cuidado dessa Terra?

Como vamos maternar a grande mãe daqui em diante?

Esse é um trabalho para todos nós. 

Não existe ninguém melhor, ou mais capacitado do que ninguém para lidar com o que vem acontecendo. 

Existe você, eu, nós. E o que cada um tem condições de exercer para contribuir com a manutenção da vida na Terra.

A ajuda aos locais que sofrem catástrofes climáticas são essenciais, mas precisamos cuidar para manter o olhar atento ao que ainda vai reverberar do desastre, e continuar lutando para que medidas eficientes de prevenções a situações extremas sejam tomadas.

O trabalho de acompanhamento psicoterapêutico é ferramenta de auxílio na descoberta de um jeito de ser compatível com a manutenção da vida no mundo.