Vanessa Ganzerli Psicóloga Online

Devaneios de uma jovem terapeuta

Devaneios de uma jovem terapeuta

Devaneios de uma jovem terapeuta

Através da voz de uma jovem terapeuta, da presença de um jovem terapeuta e não um terapeuta jovem, da escrita de uma grande terapeuta que é mãe, mulher, esposa e se abriu para o trabalho clínico com os processos da maternidade. 

De duas terapeutas que ainda não defini como nomea-las aqui, mas que fazem parte e caminham junto nesse processo da construção do ser terapeuta.

E de uma senhora supervisora no duplo sentido da palavra, por ser uma senhora de idade e por ser uma mestra grandiosa que nos guia, ilumina, orienta e poderia caber dentro de um potinho que está sempre dentro de nossas mentes e corações.  

O que é ser terapeuta?

Qual a função do psi terapeuta?

O que define esse trabalho?

O que não define esse trabalho?

Uma das terapeutas que não foi nomeada, além de seu próprio nome, diz que existem classificações que definem o nosso trabalho e coisas que não podem ser nomeados, mas são sentidas e assim sabemos, sentimos a sua existência.

Como dar nome, nomear, definir, traduzir a magnitude desse trabalho?

Que trabalho é esse mesmo que estou falando? Entro em devaneio…

Eu não sei.

Ecoa aqui dentro.

Angustiada tento definir, dar um diagnóstico. 

Me sinto pressionada.

Não sei o que dizer.

Ocorre um bloqueio.

Esse bloqueio me diz: respira. 

Solto o ar e solto a pressão da definição.

Encontro uma passagem, de ar, paro de pensar e apenas mergulho dentro do não saber e então começo a caminhar.

Emocionada, com os olhos marejados, o sentir transborda e as palavras fluem em voz que engasga, mas não para de fluir.

Que sentimento é esse?

Como se define um sentimento?

Existem sentimentos considerados básicos de conhecimento geral, são eles:

tristeza, medo, raiva e amor. 

Dentro destes sentimentos, já nomeados por alguém que os sentiu e compartilhou com outro alguém, que sentiu o mesmo e disse: eu também sinto isso, sendo assim vamos nomear dessa forma. 

Será que foi assim que surgiram os nomes desses sentimentos? Me pergunto.

Por serem compartilhados por mais de uma pessoa e nomeados como tal? 

Quantos outros sentimentos existem? Será que é possível mensurar um número? Definir uma quantidade exata de sentimentos que existem no mundo? 

Quantos diagnósticos psiquiátricos existem hoje? E quando se começou a diagnosticar as questões da saúde mental?

Muitos DSM (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) já existem, esse número só aumenta e as especificações diagnósticas médicas se ampliam. Com o objetivo de enquadrar um diagnóstico que caiba dentro de um padrão de funcionamento.

O jovem terapeuta e não um terapeuta jovem escreve depois de estar em sua, em nossa, presença:

”neste aspecto de ser um Jovem terapeuta e não um terapeuta jovem, eu me encaixo, me sinto muitas vezes (mesmo) com as mesmas angustias, dúvidas, medos e até algumas certezas que costumam se diluir com o tempo ou com novos desafios. Não estamos prontos e acabados! (para o quê?), isso é, ou pode ser, o nosso abismo ou nosso céu…talvez nunca estaremos e essa é a própria beleza.”

Qual é a definição da indefinição? Se não o próprio movimento da busca, da fome, por uma resposta?

Quando encontro uma resposta me sinto plena, preenchida, saciada.

Até que a vida acontece e sinto o vazio do não saber nem o que aconteceu comigo, então sentir esse vazio novamente.   

A minha busca sozinha é a mesma busca junto do meu paciente, afinal o meu trabalho é estar com ele para encontrar suas próprias respostas. 

O meu trabalho é estar comigo para encontrar as minhas próprias respostas e não respostas sobre os processos da vida.

O que é ser terapeuta então, se não aquele que tenta decifrar a vida e acaba encarando a morte?

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